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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Soul Calibur V



Tenho um problema com jogos de luta em 3D. Seja na velocidade dos combates, na quantidade de comandos insignificantes que transformam um combo de dois hits em oito e também na deselegância de alguns jogadores, que sequer sabem o que estão fazendo (e também não se importam), mas garantem vitórias e até famílias, dependendo dos adversários.

Dito isso, fiquei responsável pela crítica de SoulCalibur V, produzido pela Namco Bandai, lançado no final de janeiro e esperado por alguns como a grande aposta de jogos de luta 3D com armas brancas (está nas fileiras de frente do EVO 2012, no lugar de BlazBlue). Logo de cara, uns contrinhas aqui na redação e alguns Perfectscomeçaram a pipocar (ainda me vingo, Julianna Isabele). A primeira impressão não foi das melhores, senti como se tivesse jogando a mesma coisa de todas as versões anteriores, só mais bonito. Levei o jogo para casa e me propus a analisá-lo de uma forma mais prolongada, dando uma chance real ao game.

Como opinião, um misto de alegrias e tristezas.

A história que não importava

Foi-se o tempo que a máxima "É um jogo de luta, quem se importa com a história" intimidava os valentões no recreio dos colégios. Street Fighter IV (e suas demais variações) trouxe histórias particulares com animações produzidas pelo Studio 4°C, BlazBlue colocou diálogos dublados em toda a sua trama (confusa, longa, mas recompensadora), Marvel vs. Capcom 3 contratou roteiristas da Marvel para a formulação do seu enredo, Mortal Kombat fez bonito com uma campanha que misturava lutas e mini-games e The King of Fighters sempre foi uma série que se preocupou com o background dos seus personagens. SoulCalibur V manteve-se pelo mesmo caminho, pediu ajuda aos universitários da Cyberconnect2 (daquela série Naruto Ultimate Storm) para adicionar um pouco mais de drama às suas cenas, introduziu dois novos protagonistas e uma história capitulada e cheia de reviravoltas.

O resultado final agrada bastante, mesmo você sendo obrigado a utilizar apenas três personagens durante o percurso. A trama coloca os irmãos Patroklos e Pyrrha como os novos detentores dos poderes da Soul Calibur e da Soul Edge e, por consequência, rivais. Até que Patroklos consiga entender suas próprias razões para lutar e Pyrrha tenha consciência de que ela pode ser amada por alguém, o sangue vai jorrar.



A chateação é que ficamos sem o ar da graça da continuação dos demais personagens. Apesar da curiosidade, ficamos sem saber muito do que aconteceu com o restante dos lutadores de SoulCalibur durante esses 17 anos que se passaram desde a última aparição das espadas lendárias. Seria muito legal saber um pouco mais sobre Z.W.E.I. e Viola, companheiros de luta de Siegfried e que têm como missão encontrar um novo portador para a Soul Calibur.

Depois do fim do Story Mode, o único passatempo é passar raiva com o Legendary Souls, modo que deixa os lutadores infinitamente mais difíceis e que serve como um dos  caminhos para liberar alguns personagens secretos (Algol e Kilik). É difícil, você vai chorar, fica o aviso de camarada.

Lutas iguais, mas diferente

À primeira vista, parece mais do mesmo. Aquele mesmo jogo chato, que ganha quem apertar os botões mais rápido ao mesmo tempo que esfola a ponta do dedo no direcional. É lógico que a mecânica de SoulCalibur é muito mais profunda, requer um estudo minuncioso das diagonais e de movimentos pouco peculiares, mas, quem quer se dedicar aos prazeres do aprendizado quando basta uma camiseta na ponta do dedo e alguns músculos do braço para impressionar as gatinhas?

Uma das maiores diferenças do sistema de SoulCalibur V está na barra de especial. Com ela é possível acionar um comando secreto - e igual para todos os personagens) para um ataque devastador ao custo de uma unidade. Pode-se usar porções menores para golpes especiais mais elaborados (bem parecido com os EX de Street Fighter IV).



Na parte da defesa, o movimento que repele os ataques inimigos agora é feito de uma nova forma, gasta sua barra de especial e precisa ser executado com cautela, porque há uma animação para o contra-ataque e ela é acionada mesmo se o 'parry' não surtir efeito.

Notei que certos movimentos fazem sentido quando acionados no direcional. Por exemplo, quando você realiza o avanço rápido de Patroklos ou Pyrrha, que gera uma pequena esquiva, para, posteriormente, você decidir se ataca ou se defende. O movimento é uma meia lua (236, para os manjadores), mas sem que você aperte nenhum botão instantaneamente. O direcional e o personagem meio que se movimentam da mesma maneira, gerando uma congruência inesperada e dando sentido a ação. Ou você acha que um movimento em 'Z' realmente faz você subir em um shoryuken?

Crie seu próprio lutador

O modo que fez carreira em SoulCalibur III e deixou a criatividade falar mais alto que a própria habilidade. Novamente, o céu é o limite e ninguém vai poder processá-lo, olha que legal. Você pode personalizar seu lutador tendo como base um dos heróis do jogo ou manipular todos os atributos do zero. Cor dos olhos, cabelo, tamanho dos braços, roupas, acessórios, tom da voz, você faz do jeito que quiser. Eu já pensei em formas de criar meu próprio Kenshin Himura (Samurai X) utilizando o sistema de combate do Patroklos Alpha e um kimono vermelho com hakama branco, fica a dica.

Nesse modo de criação é possível utilizar as habilidades de Jin Kazama para criar um lutador. A velocidade dos seus combos é bem parecida com a utilizada em Tekken, o que o transforma automaticamente em um personagem bastante forte. E o melhor, toda essa criatividade pode ser apreciada por todos, graças ao modo online do jogo.

Vai, Planeta!



O modo online cumpre bem suas funções de colocar jogadores do mundo todo uns contra os outros. O Lobby é bastante completo, todo emoldurado, com uma tela de streaming da luta rodando 100% do tempo e uma janela de chat na lateral que mostra todos os participantes da sala. O lag é inevitável em determinados confrontos, mas pode ser contornado facilmente se você optar por jogar apenas com adversários da sua região/país.

Não há demora na busca por adversários e todos são marcados num mapa mundi com suas respectivas localizações. E é aquela mesma coisa de sempre, você vai encontrar desde monstros indestrutíveis, que aperfeiçoaram suas técnicas a ferro e fogo e vão chutar o seu traseiro, plantando a semente da dúvida no seu coração e até mesmo fazer você pensar em aposentar o joystick, a completos perdidos estabanados, que acham que estão numa disputa de magias em Naruto ou DBZ, mas mesmo assim ganham de você, também plantando a semente da dúvida no seu coração e fazendo você pensar se já está na hora, realmente, de aposentar o seu joystick. É, meu amigo, a vida não vai ser fácil.

SoulCalibur V é mais do mesmo, mas somente para aqueles que, assim como o jogo, também são os mesmos. Sem dedicação, não há recompensa. Para notar realmente a evolução do jogo, você vai precisar mais do que duas horas de lutas com amigos. Novamente, não é a minha praia essa coisa de luta 3D, mas passei bons momentos aqui. Só lamento pelos que, como eu, gostam de lutas, mas não vão querer se dedicar à SCV, e, por isso, vão passar momentos intensos de irritação contra adversários que você venceria em situações 2D.


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